" entre páginas e palavras, mergulhei em meio a imensidão de um mundo surrealista. Abandonei minha mente no tom alvo daquelas páginas. Esqueci de um mundo que não merecia lugar entre minhas recordações. Beberiquei minha xícara de café, saboreando-o como nunca havia feito outrora. Era como o sabor do livro, era o sabor do cappuccino, era o paladar que salpicava minha mente delirante e desequilibrada, fixada na companhia solitária que só uma leitura proporciona."

domingo, 12 de dezembro de 2010

Sim, eu sei, eu sumi. Mas prometo não fazer isso de novo. Ou quase e_e'
Pois bem, vamos ao que interessa. Sobre o  post de hoje, não liguem para a falta de coerência em determinados pontos de texto. Preciso muito parar de desabafar naquilo que escrevo.



• Uno Extraño Vacío






E sua mente girava num turbilhão de pensamentos que, definitivamente, não deveriam estar lá. Ela já não sabia por onde começar a organizar-se, nem a que fio de sanidade deveria prender-se para repor suas idéias nos seus devidos lugares. Via os problemas afundarem-na em meio a um vazio sem respostas.
Seu corpo estremecera e ela abraçara-se, apenas por habito. Contudo sabia bem o que era, era o corpo dele que fazia-lhe falta. Tocá-lo já não era o mesmo, faltava àquela sinceridade que outrora estivera lá. Ela sumira? Não, apenas estava... distante. Ela apertara os dedos contra os braços, como se tentasse segurá-las.
E ela ainda não sabia por onde começar a pensar. Onde suas duvidas começaram ou quem as causara. Não fora ele. Seus atos, talvez.
Afundara o rosto no travesseiro, sorrindo sem graça alguma. “Ele não fez nada” respondera-se. “E talvez seja esse o problema”, concluíra por si mesma.
Voltara seus olhos para o teto alvo, estava escuro e sua péssima visão não ajudara-a em nada, mas ela não precisaria daquilo naquele momento, o que via fora o suficiente para afundar sua visão num lugar que permitisse-a pensar sem interrupções.
Primordialmente, concluíra-se uma idiota, por perder tanto tempo pensando nele. Após, concluíra-se idiota outra vez por notar que dava importância demais para pequenas coisas e estava deixando suas cismas, crises e inseguranças levarem-na novamente em uma linha de raciocínio que não chegava à lógica em instante algum. Por fim, concluíra-se idiota por notar que a resposta mais óbvia era apenas que ela gostava dele, mais do que conseguiria explicar para si mesma, logo, ela permaneceria assim.
Ele não tinha a obrigação de adivinhar suas idéias absurdas, mas tinha o dever de tentar, ao menos. Ele errava, mas ela não poderia querer o contrario. Não tinha o direito de exigir dele algo de tal patamar. Porém, havia a obrigação de tentar tais erros e não mais falhar nestes respectivos pontos...
E ela vira-se sem rumo novamente. Estava raciocinando coisas sem o mínimo de sentido, ou tentando ao menos. Sentira a nostalgia invadi-la outra vez, apertar seu peito, resgatar lembranças e fluir em seus olhos castanhos. Como detestava chorar por essas coisas. Mas fora inevitável.
Estava ali, em mais um domingo fresco, gostoso, e sozinha. Essa idéia fazia-a repensar naquilo que repetira para si mesma que era pura besteira. E pensar que a pouquíssimo tempo atrás, as coisas não eram assim.
Todavia, no final das contas, não havia escapatória. Ela o veria, ele sorriria, desmontá-la-ia e tudo ficaria em perfeitas condições até o próximo erro. Afinal, ela gostara tanto dele...





Preciso mesmo parar com isso e_e' 

kisus&kisus ~

sábado, 18 de setembro de 2010

a love for eternity.




 
   Nem mesmo a tempestade que despencava brusca sobre a mansão era capaz de interpor-se em meus pensamentos. Em verdade, poderia até mesmo dizer que o barulho ensurdecedor era-me como melodia que embalava de forma gentil meus pensamentos complexos.
   Sob aquelas cortinas, isolei-me de um mundo que não merecia minha presença e volvi-me para a figura que ilustrava minha mente doentia. Odiava admitir que fazia-me imensurável falta. Virei o corpo de sobre a cama, deitando com a barriga para baixo, descansando o rosto sobre o travesseiro. Ali, fechei meus olhos, e quase fui capaz de sentir aquilo que mais desejava.
   Há quanto tempo estávamos distantes? Meses talvez? O tempo era, para mim, altamente relativo. Mesmo que tivesse partido ontem, ser-me-iam semanas. Incontáveis semanas. A saudade era um sentimento atroz.
   Torturei-me novamente com meus indistintos sentimentos. Sentimentos ao quais não haveria eu de sentir. Fora eu exonerada de tais a numerosos séculos, bem sabia deste fato. Todavia, não havia como elucidar a nostalgia em meu peito de outra forma.
   Amor?  Não haveria de ser. Preferia pensar em tudo como obcecação, egoísmo, voluptuosidade. Sim, tais eram mais comuns à meu esquecido coração. E talvez fizessem mais sentido em nosso relacionamento hiato.
   Silenciei-me. E ri de mim mesma ao notar que passara meu tempo pensando e repensando algo que não fazia o menor sentido. De quê importava qual era o sentimento que unia-nos? Independentemente de qual fosse, prosseguiríamos da mesma forma.
   Balancei a cabeça novamente, estava permitindo-me ser persuadida por minhas dúvidas outra vez. Não tinha conhecimento da fragilidade que ele causava em minha mente.
   Ouvi ruídos pela casa, mas as lembranças estavam tão vivas em minha mente que preferi ignorá-las. ”Morrerá se chegares até mim, e isso é indiscutível.” Conclui, por fim.
    Mergulhada em meus paradoxos, quase fui capaz de adormecer. Mas algo tocara-me antes que eu pudesse chegar aos braços de Hypnos. Minhas pálpebras serraram, deixando meus orbes alaranjados parcialmente ocultos por pestanas pesadas. Por tal brecha, pude ver fios prateados rodearem minha face, impedindo-me de ver qualquer outra parte de meu aposento. Sorri. Senti sua respiração perfeitamente controlada em meu ouvido, o peso parcial de seu corpo descansar sobre o meu enquanto escorregava para o colchão, e, enfim, sua face esculpida repousar ao lado da minha sobre a cama. Seus olhos serraram enquanto ele sorria, deixando o brilho rubro de seus orbes iluminarem sua face.
   “Estou sonhando.” Fora tudo o que pude concluir. Oh, Morfeu, como és atroz comigo!
   Seus dedos tocaram minha têmpora, deslizaram até meus lábios. Arfei.
‘Você não é real ‘. Sussurrei, mas para mim do que para ele. ‘Não somos. ’ respondeu-me. Sua voz era tão doce.
   Abraçou-me, escondendo-me do vento frio que invadia meu quarto pela janela, tirando de mim quaisquer que fossem as dúvidas ou preocupações. Nada mais fazia sentido, nem os problemas, nem as incógnitas, nem o instante, o tempo ou o espaço. Estávamos alheios do mundo.
   Meus olhos pesaram novamente, eu não podia dormir ali. Não naquele instante. Ele pareceu compreender-me. Puxou-me para mais junto de seu corpo, escondendo meu rosto abaixo do seu, seu aroma impregnando minha respiração quase imperceptível.
   ‘Estarei do seu lado quando acordar. ’ Ele sussurrou ao pé do meu ouvido. Já não havia duvidas ou paradoxos. Pude, então, fechar meus olhos com a única certeza de que, independente de qual fosse nosso sentimento, estávamos unidos por ele de alguma forma realmente forte. Venceríamos a eternidade, permaneceríamos amantes.

 ~.~

créditos ao Cian pela criação de um dos personagens e pela ajuda no desenvolvimento dessa história. domo arigatou <3'

 ~.~

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Mademoiselle






Uma vidraça. Era o que desagregava-me  de todo um mundo lá fora. Por sua transparência, eu era capaz de ver minha Londres, suave, quieta, cotidiana. Restos de jornais, que antes bailavam à brisa tardia, agora repousavam sob gotas grossas de chuva, assim como todo o resto da cidade.
   E ali estava eu, com a testa arrimada na vidraça, mirando cada gota que escorria do alto para o solo. Meu coração batia nostálgico, sem porem deixar-me compreender a quê exatamente ele referia-se. Ainda sim, senti uma súbita vontade de estar lá. Não na rua ou na calçada, ou na incógnita lembrança que chicoteava-me as artérias, mas nas gotas que escorriam puras e imponentes céu à baixo.
   Minha mente divagou, e vi naquilo uma serie de questionamentos indômitos – dos quais não fazia idéia da existência de muitos - buscando respostas indubitáveis.
   Quase fui capaz de sorrir.
   Seria eu, amante poética de tudo o que é belo, incapaz de encontrar beleza em meu interno?  E se fosse encontrado, seria eu capaz de amar em mim tal beleza? E se tivesse descoberto-a outrora, poderia eu amá-la como nunca, como agora teria de amá-la como sempre?
   Voltei-me para a chuva novamente, sentindo a angustia avolumar-se em meu peito solitário. Se eu fosse como a chuva, que despenca sobre tudo e todos, fazendo aquilo que lhe foi designado e cumprindo assim sua missão, poderia eu, sobre outras coisas, encontrar minha missão e cumpri-la de forma plena? Seria eu capaz de tocar faces e fazê-las sorrir ou chorar com minha mera presença?
   Senti meus olhos marejarem. Sorri novamente, mesmo que a alegria ainda não tivesse tocado-me. Dei por mim que a tristeza era meramente suasória, e era um caminho ao qual não pretendia permitir-me ser levada.
   Voltei-me para a chuva. Algo pingou do meu queixo para o busto, umedecendo meu vestido branco. Agora, gotas escorriam lá fora e gotas escorriam aqui dentro. No final das contas, eu permanecia como uma senhorita solitária.

terça-feira, 14 de setembro de 2010




Meu primeiro poste, que emoção *-*'
Ja que estou começando, deixarei aqui qual a finalidade do blog: 
mera diversão.
Falar sobre coisas que me agradam ou desagradam, expressar minhas opiniões. escrever pensamentos, pequenos contos ou simplesmente postar trechos de algum livro que eu goste.
E apenas isso, de literário para literários.
 Então, de acordo com o tema, fica aqui hoje um trecho de uma de minhas histórias.
Espero que gostem e comentem. ~





[...] Ela observava o rubro manchar o ambiente que dava-lhe abrigo naquele instante, espalhando-se gradativamente, tomando a superfície do local com uma viscosidade mortífera. Seus orbes alaranjados refletiam o rubro fresco enquanto transbordavam lágrimas finas e delicadas, que escorriam-lhe a face sedosa interruptamente.
Retornando a hábitos antigos, ela arfou. Não por precisar do ar, talvez por querer e precisar arejar sua mente pulsante, num apelo desesperado por reorganizar a avalanche de pensamentos que a invadia e vagavam por sua cabeça.
Pensou em gritar. ‘Isso sempre alivia’. Todavia, ela bem sabia que gritar de nada adiantaria. Poderia estourar os pulmões, a cena odiosa a sua frente permaneceria. Encarando-a sem dó.
O corpo do jovem jazia a sua frente. Frio, violado, banhado pelo próprio sangue.
O rastro do mesmo seguia indiscutivelmente pela mulher. Subindo-lhe as vestes, apresentando-se nas mãos, denunciando-lhe os lábios.
Elisabeth, então, sorrira. Levou o dedo indicador banhado de sangue à boca e acariciou-o com a língua. O sabor ardia-a a garganta, pesava-lhe a mente, mas agradava-a imensamente.
Eis o início daquela desastrosa eternidade. Retirar vidas pela sua própria, e ver naquilo prazer que jamais haveria de experimentar de outro modo.
Elisabeth, que outrora fora a doce e imponente mulher, agora não mais viva, não mais humana, consagrava-se como herdeira digna da raça noturna. Era uma vampira. [...]


 ~