" entre páginas e palavras, mergulhei em meio a imensidão de um mundo surrealista. Abandonei minha mente no tom alvo daquelas páginas. Esqueci de um mundo que não merecia lugar entre minhas recordações. Beberiquei minha xícara de café, saboreando-o como nunca havia feito outrora. Era como o sabor do livro, era o sabor do cappuccino, era o paladar que salpicava minha mente delirante e desequilibrada, fixada na companhia solitária que só uma leitura proporciona."

sábado, 18 de setembro de 2010

a love for eternity.




 
   Nem mesmo a tempestade que despencava brusca sobre a mansão era capaz de interpor-se em meus pensamentos. Em verdade, poderia até mesmo dizer que o barulho ensurdecedor era-me como melodia que embalava de forma gentil meus pensamentos complexos.
   Sob aquelas cortinas, isolei-me de um mundo que não merecia minha presença e volvi-me para a figura que ilustrava minha mente doentia. Odiava admitir que fazia-me imensurável falta. Virei o corpo de sobre a cama, deitando com a barriga para baixo, descansando o rosto sobre o travesseiro. Ali, fechei meus olhos, e quase fui capaz de sentir aquilo que mais desejava.
   Há quanto tempo estávamos distantes? Meses talvez? O tempo era, para mim, altamente relativo. Mesmo que tivesse partido ontem, ser-me-iam semanas. Incontáveis semanas. A saudade era um sentimento atroz.
   Torturei-me novamente com meus indistintos sentimentos. Sentimentos ao quais não haveria eu de sentir. Fora eu exonerada de tais a numerosos séculos, bem sabia deste fato. Todavia, não havia como elucidar a nostalgia em meu peito de outra forma.
   Amor?  Não haveria de ser. Preferia pensar em tudo como obcecação, egoísmo, voluptuosidade. Sim, tais eram mais comuns à meu esquecido coração. E talvez fizessem mais sentido em nosso relacionamento hiato.
   Silenciei-me. E ri de mim mesma ao notar que passara meu tempo pensando e repensando algo que não fazia o menor sentido. De quê importava qual era o sentimento que unia-nos? Independentemente de qual fosse, prosseguiríamos da mesma forma.
   Balancei a cabeça novamente, estava permitindo-me ser persuadida por minhas dúvidas outra vez. Não tinha conhecimento da fragilidade que ele causava em minha mente.
   Ouvi ruídos pela casa, mas as lembranças estavam tão vivas em minha mente que preferi ignorá-las. ”Morrerá se chegares até mim, e isso é indiscutível.” Conclui, por fim.
    Mergulhada em meus paradoxos, quase fui capaz de adormecer. Mas algo tocara-me antes que eu pudesse chegar aos braços de Hypnos. Minhas pálpebras serraram, deixando meus orbes alaranjados parcialmente ocultos por pestanas pesadas. Por tal brecha, pude ver fios prateados rodearem minha face, impedindo-me de ver qualquer outra parte de meu aposento. Sorri. Senti sua respiração perfeitamente controlada em meu ouvido, o peso parcial de seu corpo descansar sobre o meu enquanto escorregava para o colchão, e, enfim, sua face esculpida repousar ao lado da minha sobre a cama. Seus olhos serraram enquanto ele sorria, deixando o brilho rubro de seus orbes iluminarem sua face.
   “Estou sonhando.” Fora tudo o que pude concluir. Oh, Morfeu, como és atroz comigo!
   Seus dedos tocaram minha têmpora, deslizaram até meus lábios. Arfei.
‘Você não é real ‘. Sussurrei, mas para mim do que para ele. ‘Não somos. ’ respondeu-me. Sua voz era tão doce.
   Abraçou-me, escondendo-me do vento frio que invadia meu quarto pela janela, tirando de mim quaisquer que fossem as dúvidas ou preocupações. Nada mais fazia sentido, nem os problemas, nem as incógnitas, nem o instante, o tempo ou o espaço. Estávamos alheios do mundo.
   Meus olhos pesaram novamente, eu não podia dormir ali. Não naquele instante. Ele pareceu compreender-me. Puxou-me para mais junto de seu corpo, escondendo meu rosto abaixo do seu, seu aroma impregnando minha respiração quase imperceptível.
   ‘Estarei do seu lado quando acordar. ’ Ele sussurrou ao pé do meu ouvido. Já não havia duvidas ou paradoxos. Pude, então, fechar meus olhos com a única certeza de que, independente de qual fosse nosso sentimento, estávamos unidos por ele de alguma forma realmente forte. Venceríamos a eternidade, permaneceríamos amantes.

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créditos ao Cian pela criação de um dos personagens e pela ajuda no desenvolvimento dessa história. domo arigatou <3'

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