" entre páginas e palavras, mergulhei em meio a imensidão de um mundo surrealista. Abandonei minha mente no tom alvo daquelas páginas. Esqueci de um mundo que não merecia lugar entre minhas recordações. Beberiquei minha xícara de café, saboreando-o como nunca havia feito outrora. Era como o sabor do livro, era o sabor do cappuccino, era o paladar que salpicava minha mente delirante e desequilibrada, fixada na companhia solitária que só uma leitura proporciona."

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Loyan Stuart. Narrativa - Fragmento..
parte. 1
Era alta madrugada; a lua culminava em seu trono, brilhando esplêndida no seu tradicional tom perolado de lua cheia. Nas ultimas semanas, Loyan havia adotado o habito de sair por conta própria na cidade; era adepta do velho ditado de que se quer algo bem feito, faça você mesmo. Estava unindo o útil ao agradável, mesclando seus passeios com a necessidade de maior supervisão, sua cede natural de sangue com a imposição de ordem; estava a cada noite reorganizando sua amada cidade. Fora dela, porem, algo opunha-se àquilo. Todavia, sua decisão não fazia-a recuar. Pelo contrario, ela avançava imponente pelos becos escuros, deixando a marca de sua katana nas paredes úmidas e frias, sempre tingidas de rubro, porem sem vestígios mais.
Naquela noite em particular, ela saíra com um objetivo a mais. Já havia saciado-se em seus desejos e agora buscava respostas. Já havia também notado a movimentação e os boatos que corriam pela Europa e a rápida demanda de estrangeiros de rua raça que ali chegavam, a questão era o porquê.

Esgueirava-se entre os becos fracamente iluminados com sua habitual destreza, sabia para onde estava indo e o que poderia encontrar. Não estava sozinha ali, havia outros iguais a ela, e estas não estavam em seus domínios. Dobrou a esquerda, caindo numa rua larga e vazia, com meia duzia de postes acesos espaçadamente. Logo, viu a silhueta de um homem magro e alto enfiar-se num beco um pouco a frente. Ela encontrou o que procurava. Caminhando um pouco mais depressa, ela seguiu-o, deixando-o ligeiramente incomodado. O homem sabia que estava sendo seguido e ela não importava-se com isso. Cortou caminho por outra viela estreita, correndo um pouco mais e cercando-o a frente. O homem estava tão preocupado vigiando-a em suas costas que não teve tempo de preparar-se para tê-la a sua frente. Ela era mais rápida que ele, e mais esperta também. E foi aproveitando-se desta destreza que ela avançou, investindo contra o homem, lançando-se junto dele à parede, fazendo- colidir contra o monumento e ela prensando-o no concreto. Segurava-o pelo colarinho da camisa com uma mão, enquanto a outra deixava sua katana desembainhada com a lâmina posta na garganta do homem. Iniciava, assim seu habitual interrogatório.
- Veio perdido no vento? Ou guiado por algum propósito em especial?
O homem sorriu e ela respondeu a esta provocação. Não temia-o, conheci sua superioridade e tinha tudo sobre seu controle. Era apenas uma questão de minutos até conseguir o que procurava.


- Não! Espera!
- O que foi? Tens algo mais a dizer?
- Eu..
Ela apertou mais a katana contra o pescoço daquele homem, agora começando a romper a pele. Um filete de sangue escorreu por sua pele morena claro, levemente empalidecida, e fria. O homem elevou a voz em desespero instantaneamente.
- Espera ai, não faz isso!
- Dê-me um bom motivo, neófito imundo.
- ... Ah, sei lá, mas não me mata!
Ela sorriu com sarcasmo, piscando distraidamente em seguida.
- Te matar? És tão imbecil que não consegues nem ao menos entender o fato de que ja estás morto? Desculpe-me, mas minha piedade não pertence nem ao menos aos vivos.
E com um simples e único movimento, ela cortou a garganta daquele homem. Sua katana tocou o muro atrás dele com um estalido metálico quase imperceptível, e, segundos mais tarde, a cabeça dele tocara o chão, rolando em seguida. De um garter de couro preso em sua coxa, exposta pela fenda do vestido, ela retirou uma estaca de madeira e fincou-a no peito do homem porto, fazendo com que seu corpo apodrecesse. Sem mais, ela caminhou para fora do beco, lambendo o sangue que estava em sua katana, absorvendo as memórias e lembranças contidas no mesmo. Ja tinha o que precisava. e o maldito nem sabia tanto assim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário